VAI UM MEDRONHO AÍ??????????????????

Sónia Cabrita, produtora de aguardente de medronho, gosta de fazer experiências com o fruto que nasce espontaneamente na Serra do Caldeirão, fronteira entre o Alentejo e o Algarve. Na localidade alentejana de São Barnabé colhe e destila o fruto, transformando-o em aguardente, mas defende que o medronho é um mundo onde há «muito para explorar».


Do avô para o pai e deste para Sónia Cabrita. O saber fazer passa de geração em geração. A tradição desta família, habitante na freguesia alentejana de São Barnabé, Almodôvar, também se faz em torno das técnicas de elaboração de aguardente de medronho. A bebida com forte percentagem de álcool desperta, pela intensidade, as papilas gustativas mal se coloca na boca. Fica no paladar um aroma quente que, aos poucos, esmorece, dando lugar ao sabor do medronho. «Para ser aguardente de medronho tem de ter no mínimo 42% de volume de álcool», explica Sónia Cabrita.

O fruto nasce espontaneamente na Serra do Caldeira, «sem ser necessário recorrer a químicos», diz a nossa interlocutora. A serra, também conhecida por Serra do Mu, faz fronteira entre o Alentejo e o Algarve. O medronho é colhido entre os meses de Setembro e Dezembro quando está «vermelho, nunca verde», sublinha Sónia Cabrita. «Colocamo-lo em seguida em cubas de inox ou plástico próprio para alimentos e fica a fermentar alguns dias», continua.

«O medronho fermenta sozinho, sem adicionarmos qualquer produto, porque tem um elevado nível de açúcar», explica a mesma responsável, cujo saber aprendeu-o com a família. Após a fermentação, o medronho passa pela tradicional destilaria que separa o líquido do mosto.

A jovem produtora de aguardente de medronho não se limitou a dar seguimento à tradição familiar. Sónia defende que o medronho encerra «um mundo por explorar» e por isso está sempre a experimentar. «Neste momento estou a estudar a possibilidade de aromatizar aguardente de medronho com ervas aromáticas da região». A estratégia de Sónia gira em torno da tentativa/erro «pois não tenho qualquer formação em ciências, nem parcerias com instituições de ensino que auxiliem nestas experiências».

Sónia faz os seus testes e quando considera que estão apresentáveis coloca-os ao dispor de um «júri» exigente: a família e os amigos. «É com eles que estou agora a analisar qual a planta que melhor de adapta e a quantidade a colocar», diz.

Nesta fase o processo de elaboração ainda passará por novas etapas. Depois de Sónia encontrar o seu novo «néctar», tem de investigar qual a legislação que abrange este tipo de aromatização para a aguardente. Passada esta fase, poderá então disponibilizar para venda aguardente de medronho aromatizada.

Alecrim, salva, manjerona são algumas das erva utilizadas. Sónia adianta apenas que «o alecrim por exemplo prolonga o sabor da aguardente. Nenhuma o torna mais doce».

As «brincadeiras» que faz, como ela mesma refere, passam ainda por experimentar a confecção de compotas de medronho, vinagre do mesmo fruto redondo e avermelhado, e ainda medronho embebido em chocolate. «Experiência ao alcance apenas da família. A única coisa que realmente fazemos e comercializamos é a aguardente», sublinha.
Sara Pelicano | terça-feira, 10 de Maio de 2011


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