IRACEMA UMA ROSA SEM ESPINHO





O surgimento espontâneo de uma nova variedade de rosa chama a atenção de produtores em São Benedito, na Serra da Ibiapaba, divisa do Piauí com o Ceará. Foi lá que, entre as rosas de uma variedade bastante comum (a "Carolla", vermelha e muito espinhenta),em Janeiro de 2008 nasceu uma outra roseira, praticamente sem espinhos. A surpresa se transformou em experimento, a muda cresceu e originou novos exemplares.

  

Ao contrário de sua matriz, a nova roseira tem hastes compridas, retas e praticamente nenhum espinho. "É um alívio para quem trabalha na colheita" brinca Rogério Silva, supervisor da estufa onde ficam as mudas. 
A nova flor foi batizada de "Iracema", em homenagem à virgem dos lábios de mel. A índia do romance de José de Alencar teria vivido na região na época da colonização portuguesa e, assim como a rosa, tinha o corpo liso e era dotada de uma beleza invejável.

A empresa em que "Iracema" surgiu, a Cearosa, tem 7 hectares de estufas, de onde saem 20 mil botões por dia. Ali, até hoje, eram cultivadas 16 variedades de rosas, a maioria desenvolvida por pesquisadores geneticistas na Europa. 
"É uma pesquisa muito cara e que leva muito tempo para dar resultados. Não existe nada igual aqui na América do Sul" explica o engenheiro agrônomo boliviano, Julio Cantillo, consultor das empresas plantadoras de rosa do Estado.
Segundo o agrônomo, não é comum que essas mutações aconteçam. De acordo com ele, o surgimento desta nova variedade aconteceu provavelmente porque as roseiras, características de climas bem frios, como os do Sul, estão sendo submetidas ao clima diferente da Serra da Ibiapaba, ainda que este seja mais ameno que o de Fortaleza, por exemplo.
 Na serra, os termômetros variam entre 15°C e 25°C.
Cantillo diz que a "Iracema" foi sem dúvida uma conquista louvável para o País. "Hoje somos obrigados a pagar royalties para os criadores das variedades que temos no mercado. Mas como a Iracema é uma coisa nossa, não há esse custo" explica.
Graças à novidade trazida pela natureza em janeiro último, a empresa pretende dobrar a área de cultivo e passar dos 7 hectares para pelo menos 20.
 Apesar de ter um vermelho intenso, assim como sua matriz, a "Carolla", a "Iracema" ainda precisa ser testada na produção em larga escala. Pequenos pedidos já foram enviados para 14 Estados do Brasil e também para Europa. "Nós vamos continuar investindo nos experimentos com ela, até chegar no manejo ideal. Ela tem muito potencial" conclui Cantillo.
Redação Terra



Iracema era a filha do pajé Araquém da tribo dos tabajaras. Em um dia quando banhava em um rio chegou até ela um estrangeiro, Martim. Assim que o viu a observá-la o atacou com uma flecha, mas a expressão de Martim foi tal que Iracema viu a mágoa que causara e assim se perdoaram. Seguiram então para a tribo da jovem índia, onde ele foi hospedado. Rapidamente os dois se apaixonaram, mas Iracema era a virgem de Tupã o que tornava o amor deles proibido. 

Em uma noite ela levou Martim ao bosque da Jurema onde lhe ofereceu uma bebida que o adormeceu e lhe proporcionou rever em sonhos seus melhores momentos e suas esperanças. Nos seus sonhos chamou por Iracema que se reclinou sobre o estrangeiro, novamente ele a chamou, mas assustada ela o deixou adormecido e foi embora, quando retornava do bosque encontrou-se com Urapuã, o chefe dos guerreiros. 

Esse tinha visto o estrangeiro sair com a virgem e agora queria matá-lo acreditando que Iracema havia se entregado ao estrangeiro, ela se opôs dizendo que não permitiria e assim Urapuã jurou matar Martim, e foi embora. Iracema ficou a velar Martim. Ele ao acordar pela manhã encontrou Iracema na entrada do bosque. Ela estava triste, a situação não permitia que eles ficassem juntos, Martim resolveu que o melhor era que ele partisse. 
Mas sua vida corria perigo, e por isso Iracema foi à tribo dos pitaguaras, rivais dos tabajaras, ter com o amigo de Martim, Poti o maior guerreiro. Logo ele veio ao encontro de seu amigo para lhe ajudar na fuga. Ouviram Iracema que aconselhou a partida durante a festa da lua das flores, pois ninguém estaria prestando atenção. 
Na espera para o dia da festa, Iracema e Martim ficaram juntos e Tupã perdeu sua virgem. Chegado o dia da fuga, Iracema os acompanhou, mas quando já estavam fora das terras dos tabajaras a índia declarou que não podia se separar do estrangeiro e seguir com ele. Estavam adiantados, mas quando os guerreiros tabajaras acordaram seguiram o rastro deles e depois de um tempo os alcançaram, iniciaram uma batalha e Iracema lutou contra os da sua tribo. O cão de Poti guiou os guerreiros da pitaguara que socorreram Martim e Poti e esses saíram vencedores. 

Por um tempo a tristeza perturbou Iracema que traíra sua tribo, mas Martim fazia sua alegria. Os três foram caminhando pelas terras dos potiguaras até que chegaram ao mar onde se instalaram. Lá viviam também outros índios, tribos de pescadores mais à margem dos braços do rio e tribos caçadoras mais pra dentro da mata. 
Depois de um tempo Martim e Poti foram ter com o grande chefe dos pitiguaras e ali o viram morrer. A alegria agora morava na alma de Iracema, banhava-se com alegria no rio e foi nesse tempo que deu alegria a Martim anunciando a espera de um filho. Martim então se fez grande guerreiro na tribo dos pitiguaras e assim tornou-se um deles recebendo o nome de Coatiabo e festejaram até a manhã.

A alegria morou ainda por muito tempo na cabana, mas em certo tempo a saudade de seus irmãos e da pátria apertou o coração. Martim saía para as batalhas contra os taputingas que, em aliança com Irapuã, vinham combater a nação dos pitiguaras. 
Nessas partidas Iracema se entristecia, agora ainda mais por que via nos olhos de seu esposo a saudade que tinha de sua terra natal. Partiu Martim pra nova batalha. Essa contra os guaraciabas. Novamente os pitiguaras venceram e enquanto comemoravam a vitória Iracema deu a luz ao filho Moacir, o filho da dor. Iracema mergulhada numa tristeza profunda passou a esperar por seu esposo com o filho nos braços, por causa da tamanha tristeza ela perdeu o apetite e as forças. 
Martim regressou e teve com seu filho, a graça de ser pai lhe reacendeu o amor, mas Iracema se enfraqueceu e acabou morrendo. Não tendo mais motivos para se prender àquelas terras o estrangeiro partiu com o filho para sua terra natal, prometeu voltar e assim o fez depois de alguns anos. Aquela terra guardava uma amarga saudade, que lhe rendeu abundantes lágrimas que só se findaram quando ele tocou a terra onde repousava sua amada. 

Martim veio acompanhado de homens de “sua espécie” e um sacerdote de sua religião, fundaram ali a Mairi dos cristãos, o fiel amigo Poti que sempre o esperara foi o primeiro a adotar a religião. O Deus verdadeiro chegou àqueles povos, Martim lutou novamente a favor dos pitiguaras e com emoção lembrava os momentos que tivera com Iracema naquelas terras.
Por Rebeca Cabral

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